quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Planeta Off Road - Vai uma cervejinha aí ?

Muitos discordam, e acham que não tem problema nenhum, mas, beber e dirigir, não é só contra a lei; é uma irresponsabilidade tremenda!

Vai uma cervejinha aí ?

Na rua, onde estamos acostumados a lidar com semáforos, trânsito, pedestres, e pequenos obstáculos, estar sóbrio é importante para evitar acidentes. Na trilha, onde enfrentamos obstáculos enormes, buracos, valas, inclinações, descidas e subidas escorregadias, atoleiros, galhos de arvores, etc, nossa percepção de perigo deve estar 100%, assim como nossa atenção. Para tanto, manter-se sóbrio não é só importante, é fundamental.

Afetando quem está em volta:
Até que eu gostaria, mas sei que não há como ter a pretensão de fazer com que os bebedores parem de beber nas trilhas. Mas, se você é o companheiro que não bebe e está de Zeca, ou em outro carro que pode ser atingido pelo veiculo ou por alguma imprudência do companheiro bebedor, é bom tomar cuidado. Mantenha distancia do veiculo dele, tanto em manobras em que você (ou ele) esteja a pé, como em manobras em que você possa estar em seu jipe. Nunca se coloque em posição de risco, mesmo que tentando ajudar. Se você for rebocar jipe do bebedor, é bom que outro assuma o volante do jipe dele. Nunca aceite ser rebocado pelo bebedor.

Acidente grave: notem a lata de cerveja no interior do que sobrou do veiculo.


A toxicidade do álcool nas trilhas.
Independente do tipo de terreno que enfrentemos, não é difícil perceber que o esforço na trilha é grande. Atoleiros, erosões, desce do jipe, olha o obstáculo, empurra daqui, puxa dali, aquele sol na cabeça, calor, frio, poeira, umidade, longos períodos sem se alimentar ou sem ingerir água. O álcool é rico em calorias e por essa razão, inibe com eficiência a sensação de fome. Só que é a sensação de fome nos avisa que o “tanque” esta ficando vazio, e precisa de comida. Alem disso, ao contrario do que muitos possam acreditar, o álcool desidrata (sim, estima-se que o consumo de álcool aumente em 60% a diurese, em relação a água, e com esse aumento lá se vão seus sais minerais e vitaminas pra moita junto com a água), alem de  intoxicar nossas células, provocando, dependendo da exposição, quantidade consumida e metabolismo do bebedor, intoxicação (Sabe aquela dor de cabeça que se sente depois que passa a bebedeira ? É um dos sintomas).


O excesso de confiança:
Quebras por forçar o equipamento sem perceber, tombos por não evitar aquela inclinação acentuada, colisões por perder a noção de espaço, o mau uso de equipamentos de segurança, entre outros fatores, são exemplos típicos de negligencia causados pelo excesso de confiança que o álcool traz. Alem disso, as alterações na percepção do perigo e a demora em responder a ele, podem ser fatores determinantes no evitar um acidente e o gerar vítimas.



3 mortos em acidente no CE. Relatos sugerem que o motorista estava embriagado e os ocupantes sem cinto. (fonte:4x4Brasil)

Agravando as lesões:
O álcool em excesso, pode, em caso de acidente, tornar a avaliação clinica falha, tanto por parte do socorrista, quanto do médico, tornando as respostas físicas e psicológicas alteradas em relação a uma vitima sóbria. Alem disso, a responsividade alterada pode causar agravamento do quadro, estendendo os ferimentos internos (se houverem) ou mascarando sintomas clínicos importantes, como tonturas, náusea e dor.


Morte anunciada: Jovem de 28 anos após capotar seu veiculo a 20km/k. Ela estava embriagada e sem o cinto de segurança

O antes e depois da Lei seca:
Tive a oportunidade de avaliar, do ponto de vista clinico, os efeitos da chamada “Lei Seca” (Lei 11.705, implantada no Brasil em 2008). Nessa época, eu era professor no serviço de emergência no Pronto Socorro de um hospital universitário de grande porte em São Paulo, que recebia um grande número de vitimas de trauma, a maioria por acidente automobilístico. Depois da lei seca, o Pronto Socorro quase que ficou as moscas. Era visível a redução no numero de atendimentos e a redução drástica da gravidade das vitimas que a equipe, da qual eu fazia parte, atendia.
Entendo que muitos consideram a trilha do fim de semana uma diversão, um momento para relaxar e descontrair com os amigos, onde a bebida e o churrasco façam parte. Mas não se esqueça que a trilha não é um lugar onde se deva negligenciar a segurança. E beber durante ela, pode fazer você perder a noção do perigo e arriscar mais do que precisa.
Decidir voluntariamente (já que ninguém te obriga a beber) arriscar mais do que se precisa em um local em que, em caso de acidente, o socorro demora a chegar pode ser o ponto chave entre um bom ou mau final para o seu divertimento. Por isso, deixe as cervejas pro fim da trilha, para quando você chegar em casa e preparar aquele churrasco com os amigos.
Lembre-se sempre: Segurança em primeiro lugar !!



Cordialmente

Dr. Felipe Marx (Ft./Sc.) – Safety Management
Coordenador da Equipe de Segurança PSOR / FDA / UNRoC
www.psor.com.br / www.fimdoasfalto.com.br / www.unroc.com.br




www.planetaoffroad.com.br
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